Sestas do bebé
A questão do sono do bebé faz muitos pais perderem eles próprios o sono! Quando se é pai pela primeira vez, ou temos sorte (se é que lhe podemos chamar assim!) de ter um bebé que é come-e-dorme e que dá muito pouco trabalho para adormecer, ou temos que ser criativos. Em relação ao sono do bebé, importa falar sobre as sestas durante o dia, o sono nocturno e a questão de ensinar o bebé a adormecer sozinho. Aqui falo das sestas. Na secção sono do bebé falo do sono nocturno e sobre o bebé adormecer sozinho.
Nas primeiras nove semanas, e sobretudo entre a quarta e a nona semana, o meu filho acordava a cada duas horas para mamar de noite e, de dia, fazia sestas de gato, de 10 ou 15 minutos! Desesperada, comecei a ler tudo quanto encontrava na Internet e até um e-book comprei sobre Segredos do Sono do Bebé. Tentei de tudo para fazer o meu bebé dormir sestas como deve ser durante o dia e deixar-me descansar! Embalava-o, cantava, tentava deixá-lo adormecer na claridade (em parte para ele perceber que as sestas durante o dia são diferentes do sono da noite, ajudando-o a distinguir entre o dia e a noite; em parte para ele não ter medo e ver que estava acompanhado), punha-lhe a chucha (que caía a cada instante e ele acordava logo, pelo que se habituou a chuchar no dedo), adormecia-o no colo (mas logo que o poisava ele acordava), enfim... tudo tentei, indo pelas experiências de outros pais e mães que lia nos fóruns da Internet e tentava depois colocar em prática.
Há pais bem sensatos nesses fóruns, sobretudo os mais experientes, que alertam logo que cada pai deve respeitar o ritmo do seu filho e fazer o que é melhor para ele. E isto é absolutamente verdade!
Aliada a esta verdade, encontrei, com a ajuda do meu marido (pois eu já estava a dar em doida com tanta pesquisa na Internet e tanta tentativa de pôr o miúdo a dormir!), um conceito de um autor (confesso que já não me recordo quem era) que de repente me trouxe luz à questão do sono do bebé: WOO - Window OOpportunity (Janela de Oportunidade - JO).
Basicamente, se formos pais atentos, aprendemos: 1. a respeitar o ritmo do nosso bebé, ou seja, aprendemos a ver quando está contente, chateado, com fome, com sono. E quando virmos que está com sono, 2. precisamos de agarrar essa JO, essa janela de oportunidade, esse momento em que a criança está preparada para dormir. Se deixamos passar esse momento, o bebé começa a ficar cada vez mais agitado e, em vez de sossegar, irá chorar, tornar-se birrento e dar connosco em doidos.
Foi com base nestes dois dados (ritmo do bebé e JO) que eu acertei as sestas do meu filho durante o dia. Tornei-me mais atenta e sempre que via que ele estava com sono (choramingar, bocejar, esfregar os olhos), de imediato o levava para dormir. Aprendi que o meu filho não conseguia estar mais do que 1h30 a 2h acordado! É verdade! E com sete meses ainda era assim. A cada duas horas, no máximo, precisava de dormir a sua sesta, nem que fosse de 30 minutos.
Nos primeiros dias, ele dormia exactamente isso, sestas de 30 minutos, cada vez que eu o deitava. Como tinha lido num fórum da Internet pais a queixarem-se da mesma situação, resignei-me e aceitei esses 30 minutos de sono, achando que esse seria o padrão do meu filho. Habituei-me a programar a minha rotina para ter o bebé acordado cerca de duas horas e tentar aproveitar ao máximo a curta meia hora em que ele dormia. Bom, o que aprendi é que é possível fazer bastantes coisas em meia hora! Sabendo que só se tem esse tempo, faz-se rendê-lo como nunca antes! Mas a verdade é que progressivamente, com paciência e insistência, mantendo sempre mais ou menos os mesmos horários para as sestas, o meu bebé começou a dormir mais. Aos seis meses, fazia certas 3 sestas por dia de uma hora cada ou, então, a primeira de cerca de 1h a 1h30 ou até 2 horas, a segunda de uma hora, e a terceira (já de tarde), de apenas 30 a 45 minutos. Na secção Rotinas e Horários do Bebé mostro a que horas eram as sestas do meu bebé e como as intercalava com as refeições/mamadas.
Atenção, porque um bebé não é uma máquina. Haverá dias em que o bebé não dorme uma das sestas. Haverá dias em que quererá dormir mais, haverá dias em que baralha os horários todos. É só preciso ter calma, respeitar o ritmo do bebé, tentar perceber o que se passa e, se não perceber, paciência: dar apenas mimos ao bebé nesse dia e, no dia seguinte, voltar à rotina. Nós, adultos, também não fazemos tudo sempre de maneira igual. É certo que as crianças precisam de previsibilidade porque isso as ajuda quer a elas quer a nós a saber com o que podemos contar a seguir, mas um bebé é um ser humano e terá o seu jeito de lhe mostrar que há dias em que não está disposto a seguir horários rígidos (talvez tenha dores, talvez venha um dentinho a caminho, talvez esteja constipado, etc.). Estabeleça as sestas sim, e alguns horários, mas tenha sempre flexibilidade. Mais meia hora, menos meia hora não faz grande diferença para si, mas para o bebé pode significar muito. Se ele precisar de mais meia hora a brincar ou a ter mimos, pois a sesta pode esperar um pouquinho :-)
Às claras ou às escuras, e afins
Ainda em relação às sestas, há questões que dividem pediatras e pais:
1. O local onde o bebé dorme de dia: uns defendem que o bebé, durante o dia, deve aprender a dormir em qualquer lugar, na cadeira, na cama, no carrinho, etc. Outros dizem que o bebé irá aprender a dormir melhor na cama se a associar sempre com a hora de dormir, por isso, seja nas sestas seja no sono da noite, deve ser colocado na caminha.
2. Colocar o bebé a dormir no escuro durante o dia: uns defendem que o bebé precisa de aprender a distinguir entre o dia e a noite e, como tal, durante o dia deve dormir às claras. Outros dizem que os bebés são calmos por natureza e, logo, precisam de um ambiente calmo para dormir. Por isso, durante o dia, o bebé deve ser levado para um sítio sossegado, a mãe deve correr as cortinas, criando assim um ambiente relaxante para o bebé dormir de dia.
3. Evitar barulhos enquanto o bebé dorme de dia: uns defendem que durante o dia os barulhos da casa não devem ser evitados, para que o bebé aprenda a distinguir as sestas do sono da noite. Outros defendem que isso está certo, sim, mas que se o bebé for muito agitado e tiver o sono leve, mais vale não contrariar e evitar fazer demasiado barulho (não é preciso andar em pés de lã, mas apenas ter algum cuidado).
Bom, novamente, cabe aos pais respeitarem o ritmo dos seus filhos. No meu caso, eu optei por:
1. colocar o meu filho a dormir sempre na cama (sestas e sono da noite). Com excepção, claro, dos dias em que saímos de casa e ele acabava por dormir no carro ou no ovinho.
2. depois de tantas tentativas frustradas de o pôr a dormir na sala e no quarto às claras, pensei: “será que o miúdo não dorme por causa da claridade?” Ele tem os olhos claros e reage muito à claridade. Por outro lado, a partir das duas semanas, quando ele começou mais intensamente a descobrir o mundo que o rodeia, virava-se para todo o lado, pelo que achei que, no escuro, talvez ele se distraísse menos e dormisse a sesta. Assim, optei por escurecer o quarto sempre que o punha a dormir de dia. E resultou.
3. fechava a porta do quarto: ou seja, lá dentro o meu bebé ficava no silêncio. Cá fora, fazíamos os barulhos normais do dia para que realmente houvesse uma diferença entre a sesta e o sono da noite (à noite evitávamos os barulhos), mas a porta fechada sempre abafava algum desse barulho, dando um ambiente tranquilo em conjunto com o escurinho.
Por isso, sempre pus o meu filho na cama para dormir fosse de dia ou de noite, escurecia o quarto e dava-lhe silêncio, e não foi por isso que alguma vez ele baralhou o dia pela noite. O meu filho distinguia as sestas do sono da noite em parte pelo ruído de fundo da casa que fazíamos durante o dia, e em parte porque para as sestas, apesar de haver o ritual da canção de embalar e da história (tal como no ritual do sono da noite), não havia a hora do banho, como havia para o sono da noite. Quer dizer, desde recém-nascido que ele se habitou que o banho fazia somente parte do ritual de um sono mais longo.
Resumindo:
Para as sestas: 1. eu levava o meu filho para o quarto escurinho, 2. fechava a porta, 3. cantava uma canção de embalar,  4. punha-o acordado na cama, 5. contava-lhe uma história (sempre a mesma história, as crianças gostam de repetição), 6. dava-lhe um beijinho, 7. ligava um bonequinho que tocava música clássica e rodava o móbil por cima da cama, 8. saía do quarto.
Para o sono da noite, a preparação começava depois do jantar: 1. dançava com ele uma música suave, com luz baixinha (para fazer um bocadinho a digestão), 2. dava-lhe uma massagem muito suave para relaxar (ele tinha jantado e eu não queria que ele bolçasse. Podia dar-lhe jantar depois do banho, mas ele sujava-se muito a comer e eu optava por dar banho depois) 3. dava-lhe o banhinho, 4. contava-lhe a história antes de o colocar na cama (ao contrário da hora das sestas). Punha-o de bruços em cima da minha cama, abria o livro à frente dele e fazia a história demorar um bocadinho, para ele poder mexer no livro e ver bem os bonecos. 5. Cantava a canção de embalar, 6. punha-o na cama acordado, com o boneco de música ligado e o móbil a girar, 7. saía do quarto e deixava a luz de presença ligada que, passados uns minutos, quando ele adormecia, eu ia apagar.
Esta rotina de dar de jantar primeiro e só depois dar banho, só a iniciei aos seis meses, quando o jantar do meu filho passou a incluir sopa ou papa. Até então, fiz duas rotinas da noite diferentes:
Até aos 3 meses: 1. dava-lhe um peito por volta das 18h, 2. depois dava-lhe a massagem, 3. o banho, 4. contava a história, 5. dava-lhe o outro peito. Ele acabava por adormecer quase sempre na mama, sem que eu tivesse hipótese de o colocar acordado na cama para se habituar a adormecer sozinho. Na secção sono do bebé falo mais disso.
Depois, a partir dos três meses e até aos seis, decidi mudar um pouco a rotina da noite e contar a história depois de dar o segundo peito (para ele começar a dissociar a hora de comer da hora de dormir). Assim: 1. dava-lhe um peito por volta das 18h, 2. depois dava-lhe a massagem, 3. o banho, 4. dava-lhe o outro peito, 5. contava-lhe a história, 6. cantava a canção de embalar e, se ele não adormecesse ao colo (!), tentava pô-lo acordado na cama, umas vezes com sucesso, outras sem. Remeto novamente para a secção do sono do bebé.
Finalmente, com a introdução dos sólidos, já deitava o meu filho 45 minutos a uma hora depois de ele comer. E nessa altura, com seis meses, já ele estava habituado a toda a rotina da noite e também a adormecer sozinho, ainda que acordasse pelo menos uma vez para mamar:
1. dava-lhe o jantar (sopa + peito) por volta das 18h, 2. dançava ou brincava com ele (sem o estimular demasiado para ele perceber que se aproximava a hora da caminha) 3. dava-lhe a massagem, 4. o banho, 5. contava-lhe a história, 6. cantava a canção de embalar, 7. punha-o na cama acordado, com o boneco de música e o móbil, e saía do quarto.
Nota final 
As sestas devem durar entre 30 minutos a duas horas, nunca mais de duas horas. O ideal será que durem pelo menos uma hora, pois menos do que isso o sono não é considerado reestruturante. Mas se após se habituar ao horário das sestas o seu bebé continuar a fazer sestinhas de gato, muito curtinhas, aceite isso. Não vale a pena forçar muito nem perder a paciência.
Ao contrário, se o bebé já dormiu duas horas seguidas de sesta, acorde-o. É preferível que ele durma outra sesta mais tarde (se mostrar sinais de cansaço). Assim, não só você vai estar a ajudar a que “sobre” sono para a noite, como também vai ajudar o bebé a distinguir os sonos do dia (mais curtos) do sono da noite (mais prolongado): quer dizer, o bebé aprende que, de noite, pode dormir quantas horas quiser sem que ninguém o acorde, mas começa a perceber que, de dia, a mamã o acorda após duas horas de sesta. 
E agora sim, perguntam vocês: então e o meu bebé não chorava ao ser posto na cama acordado? Bom, isso é a tal outra famosa secção...