Sono do bebé
Desabafei um dia com um amigo sobre as minhas dores nas costas e como andar com o bebé ao colo para o adormecer me estava a fazer mal fisicamente., mas que não suportava ouvi-lo chorar quando o punha na cama. Ele respondeu: 
“Pensa... se fosse suposto andares tanto tempo com o bebé ao colo, não achas que a Natureza te tinha feito mais forte para o carregares? O facto de teres dores quer dizer alguma coisa, não? Quer dizer que está na altura de o poisares!”
Esta frase do meu amigo atravessou-me tipo flecha numa altura em que ali estava eu, de roda do computador, com várias ‘janelas’ abertas de artigos, notícias, fóruns e newsletters, tudo sobre o sono do bebé!
        Introdução
A questão do sono do bebé faz muitos pais perderem eles próprios o sono! Quando se é pai pela primeira vez, ou temos sorte (se é que lhe podemos chamar assim!) de ter um bebé que é come-e-dorme e que dá muito pouco trabalho para adormecer, ou temos que ser criativos. Em relação ao sono do bebé, importa falar sobre as sestas durante o dia, o sono nocturno e a questão de ensinar o bebé a adormecer sozinho. Aqui falo do sono nocturno e sobre o ensinar o bebé a adormecer sozinho. Na secção sestas do bebé, falo dos sonos do dia e suas diferenças em relação ao sono da noite.
Se na altura em que o meu filho nasceu eu soubesse o que sei hoje acerca do sono do bebé, não tinha dramatizado nem desesperado um terço daquilo que dramatizei e desesperei, e isto é a mais pura verdade. Passados uns largos meses de sermos pais pela primeira vez, olhamos para trás e percebemos que podíamos ter tido mais calma e paciência nalgumas situações, nomeadamente no que concerne o sono do bebé.

O que importa
Cheguei à conclusão, e esta é a minha opinião (vale o que vale), que aquilo que importa realmente a muitos pais e mães acerca do sono do bebé em geral são quatro questões fundamentais:
3. Como ensinar o bebé que já não mama de noite mas que continua a acordar, a dormir a noite toda.
4. Como ensinar o bebé a adormecer sozinho sem se esganar a chorar quando é colocado na cama.
Uma vez que os números 1 e 2 estão já tratados nas secções sestas do bebé e tirar a mamada da noite, interessa aqui ver os números 3 e 4. O princípio de ambos é o mesmo: a criança está sozinha na cama e chora. Como impedir isso (ou fazê-la parar)?
Muitos livros prometem métodos mágicos e segredos para fazer o bebé dormir sem que haja birras ou choro. Outros livros defendem o choro, o chamado método do deixar chorar até a criança se cansar e adormecer. Entre ambos os métodos há uma série de “técnicas” intermédias, mais ou menos dramáticas, para ensinar o bebé a adormecer sozinho.
Deve deixar-se o bebé chorar sozinho até adormecer? Deve deixar-se o bebé chorar e ir ao quarto em intervalos regulares para o ver mas sem pegar nele? Deve deixar-se o bebé chorar e ir ao quarto em intervalos regulares para o ver, e pegar nele de vez em quando para o acalmar? Deve deixar-se o bebé chorar mas não sair do quarto e ficar ao pé dele até ele adormecer?
E por aí fora... sugestões não faltam. Haverá uma que é correcta?
Há pais que estão perfeitamente satisfeitos com o facto de embalarem o bebé até ele adormecer, seja de noite seja de dia, pois o bebé fica a dormir quando é colocado na cama. Para outros pais, embalar o bebé é aconchegante, mas o resultado frustrante: assim que o colocam na cama, ele acorda e só sossega novamente ao ser embalado.
Bom, uma coisa é certa: seja qual for o método que você escolher para ensinar o seu bebé a dormir, seja coerente. Se escolhe embalá-lo, embale-o sempre e prepare-se para o embalar durante vários meses (olhe que o peso do bebé aumenta rapidamente e as dores nas costas surgem). Se escolhe dar-lhe de mamar para o adormecer, dê sempre de mamar (mas há-de chegar uma altura em que a mama já não o adormece). Se escolhe não embalar, nunca o embale. Se escolhe dar-lhe chucha, dê-lhe sempre chucha. E por aí fora. Se nós adultos somos criaturas de hábitos, os bebés ainda o são mais. Eles aprendem aquilo que lhes ensinamos através da repetição.
Como ensinar o bebé a adormecer sozinho? Com paciência, muita, mas mesmo muita paciência. Com carinho e compreensão. Pessoalmente, não encontrei métodos mais eficazes do que estes.
Se vai haver choro? Pois claro que vai. Haverá sempre. O bebé passou nove meses confortável na barriga da mãe. O bebé sente-se confortável quando está no aconchego da mama. O bebé sente-se confortável quando está ao colinho. A natureza do bebé que de repente “cai de pára-quedas” neste mundo é procurar o que lhe dá conforto. Sejamos honestos: nós, adultos, também o fazemos! Até nós precisamos de mimos, quanto mais um bebé!
Por isso, quando coloca o bebé na cama e ele desata a chorar, é porque se sente desprotegido, desconfortável. Contrariamente à opinião popular, os bebés não têm manha. Eles não sabem o que isso é. Faça uma experiência: se deixar o seu bebé a chorar até ele adormecer e for ter com ele quando ele acordar, verá como ele sorri assim que você se aproxima da cama. Ora, se o bebé tivesse manha, iria “amuar o burro” e fazer-lhe cara má quando a voltasse a ver, e isso não acontece. O bebé é puro, a sua memória de longo prazo ainda inexistente. O bebé simplesmente procura o que lhe dá conforto e, como não fala, chora para nos dizer que se sente desconfortável. Por isso sim, choro haverá sempre. A questão que se coloca é se deixamos o bebé chorar ou não.  
Às vezes, enrolar o bebé numa mantinha pode ser o suficiente para ele se sentir mais aconchegado e sossegar quando o coloca na cama. Isto funciona bem sobretudo com recém-nascidos. A partir daí, ele pode até aprender a adormecer sozinho. O meu filho nunca gostou de ser enrolado em mantas. Nasceu em África e claro que o calor não ajudava. Precisei de soluções alternativas. Andar com ele ao colo para o adormecer não me parecia ser a solução mais correcta, mas era a única que eu tinha enquanto procurava outras. Quando o meu amigo me disse a tal frase que escrevi no início, fez-se luz e percebi que, definitivamente, adormecer o bebé ao colo não era solução.
Já na secção das sestas falei sobre o método da dita Encantadora de Bebés. Não creio que ela seja encantadora. Parece-me mais ser uma mulher sábia, com muita paciência e determinação, e metódica também, já que teve o cuidado de ir tomando notas para um dia poder escrever e ajudar pais desesperados, como eu!
O seu método para ensinar a criança a adormecer sozinha parece-me o mais razoável. Pelo menos, foi aquele que consegui pôr em prática com algum sucesso, ainda que não o tenha aplicado exactamente como ela diz. Utilizei a técnica do choro, do Dr. Ferber, mas juntei o bom senso e a paciência da Encantadora de Bebés. E acho que a chave está exactamente aí. O Dr. Ferber defende que a criança deve chorar até adormecer e que os pais, embora possam ir ao quarto em intervalos regulares (aumentando a cada dia esse intervalo), não devem pegar na criança ao colo nem mexer-lhe. Devem confortá-la com palavras durante uns minutos e voltar a sair do quarto, regressando após novo intervalo. Não concordo com o método de Ferber “puro e duro”. No meu caso, achei que algum choro seria necessário mas não de forma tão dramática.
Assim, o que abaixo indico é uma espécie de mistura entre o método da Encantadora de Bebés e o do Dr. Ferber. É o método que resultou para mim: choro + paciência e carinho + nervos de aço + determinação (no fim deixo os links para três vídeos de ilustração).  
Antes das oito semanas de vida do bebé é quase impossível tentar estabelecer rotinas ou querer que ele adormeça sozinho, já que muitas vezes o bebé adormece a mamar e adormece facilmente durante o dia e em qualquer lugar. Passada a barreira dessas primeiras semanas, o bebé consegue ficar mais tempo acordado e já dará mais resistência para adormecer.
Alguns pediatras recomendam mesmo que antes dos três meses não se deve criar rotinas rígidas para os bebés. Eu até concordo. Sobretudo se for o primeiro filho os pais andarão um bocado às aranhas eles próprios, quanto mais conseguirem estabelecer rotinas para o bebé! Outros pediatras e pais dizem que quanto mais cedo se começar as rotinas, melhor! Conselho: faça aquilo que achar melhor para si e para a sua família.
No meu caso, comecei a ensinar o meu filho a adormecer sozinho a partir das nove semanas e rapidamente ele aprendeu. Acontece que quando ele completou três meses fomos a Portugal visitar a família e ficámos lá durante três meses, o que estragou os meus ensinamentos porque com tanto colo de tanta gente ele habitou-se novamente a adormecer ao colo! Foi já de regresso a África e no dia em que ele fez seis meses que reiniciei todo o processo. Se fosse hoje em dia, eu só teria iniciado a aprendizagem do sono aos seis meses. Isto porque eu optei por deixar o meu filho chorar um pouco e acho que com nove semanas (ou mesmo com três meses) ainda é muito cedo para um bebé aprender a confortar-se sozinho para adormecer. Ele chorou durante mais dias e de forma mais intensa às nove semanas do que aos seis meses. Aos seis meses chorou, sim, mas demorou apenas dois ou três dias para (re)aprender. Foi menos dramático do que às nove semanas porque acho que ele estava mais preparado. O próprio Dr. Ferber afirma que o seu método do deixar chorar só deve ser aplicado a partir dos seis meses.
Assim sendo, qualquer pai que opte por um método que implique não deixar o bebé chorar de todo (1) pode começar mais cedo a ensiná-lo a adormecer sozinho. Os pais que optem por deixar haver algum choro podem começar entre os três a seis meses de idade do bebé (recomendo os seis).

Todos os métodos concordam no seguinte: seja para as sestas ou para o sono da noite, o bebé deve ser colocado na cama quando ainda está acordado. Faça o ritual normal pré-sesta ou pré-sono da noite e deite o seu filho (2). Dois conselhos: 1. não espere até que o bebé esteja demasiado cansado. O bebé deve ir para a cama sonolento mas ainda bem-disposto, sem grandes birras. 2. cerca de meia hora antes das sestas e uma hora antes do sono da noite, evite actividades demasiado estimulantes para o bebé (televisão ligada, música alta, luzes fortes, barulho, brincadeiras que estimulem o bebé, tal como fazer-lhe cócegas, brincar ao aviãozinho, entre outras). Quanto mais calmo e relaxado o bebé estiver na altura de dormir, seja para as sestas seja para o sono da noite, mais facilmente ele irá adormecer.
Das duas vezes que ensinei o meu filho a adormecer sozinho fiz assim:
Levava-o para o quarto com pouca luz, fechava a porta e cantava-lhe uma canção de embalar até sentir que ele estava a relaxar (mas sem adormecer!). Quando ficava relaxado, colocava-o então na caminha, acordado. Ele começava a chorar. Nos primeiros dias, optei por sair do quarto e deixá-lo chorar cerca de 5 a 7 minutos (menos de 10 minutos, sempre). Entrava depois no quarto e, sem o tirar da cama, fazia-lhe festas na barriguinha e na cabeça, e enxugava-lhe o suor (o calor de África!) enquanto lhe falava baixinho e dizia “shhhh”. Ele ia parando de chorar sempre que se lembrava de chuchar no dedo (ou seja, ele não chorava ininterruptamente - de vez em quando parava nem que fosse uns segundos). O meu filho não segurava a chucha, sempre preferiu chuchar no dedo.
Depois de eu estar algum tempo com ele (às vezes 15 a 20 minutos), saía novamente do quarto, estivesse ele a chorar ou não, durante mais cinco a sete minutos. Voltava depois a ir lá, a confortá-lo e a sair, e assim sucessivamente, até ele adormecer.
Mas se eu via que o choro se tornava mais aflitivo ou que ele corria o risco de se engasgar, pegava nele ao colo. Ou seja, o que quero dizer é que:
1. nunca deixei o meu filho a chorar sozinho horas a fio. Uns minutos, sim, pois achei que seria parte do processo normal de ele se desabituar do colo e habituar-se a adormecer na cama.
2. nunca deixei o meu filho ter um choro descontrolado. Se alguma coisa no choro me fazia suspeitar sequer minimamente que além da “birra” ele pudesse estar a sentir-se mal, pegava logo nele. Evitava embalá-lo. Apenas lhe dava palmadinhas nas costas e dizia “shhhh” (sugestão da Encantadora de Bebés e que para mim resultou). Às vezes, ele ainda chorava mais e demorava até se acalmar, pois estava habituado a que o embalasse ao mínimo choro! Logo que se acalmava, eu punha-o na cama outra vez. E novo berreiro. E tudo recomeçava. Saía do quarto, voltava, saía novamente, pegava nele se necessário.
Das vezes que optei por pegar no meu bebé ao colo e “estragar” a aprendizagem não me arrependi. Rapidamente aprendi que se ele mudava o tom do choro era porque algo não estava bem: normalmente ou tinha um arrotinho preso ou soltava punzinhos mal eu pegava nele. Depois, acalmava e eu punha-o novamente na caminha. Às vezes ele sossegava, às vezes continuava o choro e lá continuava eu com o processo: ficar com ele, confortá-lo, sair do quarto, voltar... até ele adormecer.
Ao fim de dois ou três dias a tentar este método, decidi fazer uma variante: ficar no quarto e não sair. Cheguei à conclusão que me custava menos estar junto do meu bebé a ouvi-lo e a vê-lo chorar do que sair do quarto e deixá-lo sozinho. E acho que isso fez toda a diferença: ele nunca ganhou medo à cama nem à hora de dormir, e nem sequer começou a estragar as noites. Li em fóruns da Internet queixas de pais que tentaram ensinar os filhos a adormecer sozinhos e que o resultado foi desastroso: os bebés ficaram com medo da hora da sesta e do sono! Alguns pais diziam que os filhos já dormiam bem de noite e começaram a estragar a noite. Outros, cujo bebé dava noites problemáticas mas dantes dormia as sestas, após o ensinarem a adormecer sozinho até as sestas tinham ido à vida.
Tive receio de tudo isso, por isso, tentei fazer com que o meu bebé percebesse que a hora de dormir não significava ficar sozinho e desamparado. Significava simplesmente adormecer na caminha em vez de ser ao colo e que a caminha até era confortável e segura, e que a mamã estaria ali o tempo que fosse preciso e as vezes que fossem precisas até ele sentir isso mesmo.  
Muitos pediatras e pais não concordariam com este meu “método”, achando que o bebé se iria habituar a adormecer somente com a minha companhia, mas isso não aconteceu. Terá sido sorte? Pessoalmente, estou convencida que não. A pouco e pouco comecei a sair do quarto quando ele estava quase a adormecer, quase de olhinhos fechados. Depois, comecei a sair quando ele ainda estava desperto. Até que um dia, pu-lo na cama depois da canção de embalar e ele simplesmente virou-se para o lado, agarrou o seu bonequinho (3), começou a chuchar no dedo e ficou-se. Assim, sem mais nem menos!
Ao todo, foram cerca de duas semanas de aprendizagem, com nervos de aço e muita determinação. Estou cem por cento convencida que foi muito bom ter ensinado o meu bebé a adormecer sozinho. Significou um descanso muito grande para mim e para o meu marido. O tempo “perdido” que andávamos com o bebé ao colo para o adormecer passou a ser aproveitado de outras formas, sobretudo para namorar ;-)
Aos sete meses, quando punha o meu bebé na caminha, ele palrava, palrava, palrava e acabava por adormecer :-)
Não se pense, contudo, que depois daquelas duas semanas de aprendizagem tudo foram rosas. Não. Mesmo já aos sete meses nem tudo eram rosas. Não espere que de forma mágica o seu bebé adormeça sempre sozinho de cada vez que o puser na cama. Umas vezes ele não irá reclamar de todo. Outras irá reclamar mais e outras menos. Ele é um ser humano e tem os seus dias, tal como nós, adultos!
Ainda hoje nem sempre o meu bebé fica na cama sozinho à primeira. Se ele só choraminga, não vou sequer ao quarto, mas se ele começa a chorar, deixo-o ficar uns minutos (nunca mais de três ou cinco) e depois vou lá e tento confortá-lo sem pegar nele ao colo. Muitas vezes resulta. Ele vê-me ali e relaxa: começa a chuchar no dedo, agarra-se ao boneco e fecha os olhos. Mas se vejo que só a minha presença não o acalma, pego nele ao colo. Sei que ele já aprendeu a adormecer sozinho, por isso, eu parto do princípio que se ele está cansado mas não está a adormecer, é porque algo se passa. E normalmente tenho razão: logo que pego nele lá vem o arrotito ou o punzinho da praxe. Enquanto ele tem qualquer coisa “presa”, não sossega e é assim desde recém-nascido.
Mas às vezes não se trata de arroto ou punzinho e é só mesmo um bocadinho de colo que ele quer, nem que seja uns minutos. O seu choro é só uma forma de dizer: espera mamã, não vás já embora porque ainda não estou preparado para ficar sozinho. Fica aqui mais uns minutos comigo, ficas? E eu fico. Dou-lhe um colinho, canto novamente a canção de embalar e depois, quando o ponho na caminha, ele já fica.
Depois de lhe ter começado a dar sólidos, ele passou também a reclamar com sede (e em África é fácil desidratar!). Quando era assim, dava-lhe um biberão (4) com água e saía do quarto. Se realmente era sede, ele bebia e acalmava. Senão, bebia e voltava a chorar e lá voltava eu à rotina.
À medida que o bebé cresce, demora mais tempo para a adormecer porque está mais excitado e já começa a perceber quando está sozinho. Vai também descobrir o arrastar-se, o rebolar, o sentar-se, o gatinhar, etc. e vai querer continuar a fazer isso tudo na hora da sesta ou do sono da noite. Por isso, uns dias irá protestar mais e outros menos. Tenha paciência e carinho.
Para terminar, acho que em circunstância alguma se deve ignorar o choro do bebé. Um bebé não fala e o choro é a sua única forma de comunicar para nos dizer que ele tem algum desconforto (seja fome, fralda suja, frio, calor, sono, etc.). O choro do bebé é precioso. Enquanto pais, nada é mais importante do que o nosso bebé. Cabe-nos adivinhar quais as suas necessidades e responder da melhor forma. À medida que os meses passam, tornamo-nos mais astutos nessas “adivinhações”. Por vezes, o cansaço e a irritação fazem-nos querer ignorar o choro e achar que o bebé nos está a manipular, mas isso não passam de construções da nossa mente. Eu estive a um passo da depressão pós-parto e sei bem o que isso é. Cheguei ao ponto de desespero de telefonar duas vezes ao meu marido para sair do trabalho e vir para casa porque eu já não podia ouvir o miúdo a chorar e estava prestes a “deitá-lo pela janela fora” (sim, foram exactamente estas as minhas palavras para o meu marido). E como me arrependo de não ter tido mais paciência naquela altura, mas a privação do sono e a amamentação estavam a dar comigo em doida, e eu estava a fazer o melhor que sabia e podia. Felizmente, com o apoio do meu marido (e em África só nos tínhamos um ao outro, não tínhamos mais familiares) ultrapassei tudo isso e comecei a adorar ser MÃE e a exercitar muito mais a paciência, o carinho e a compreensão.
Por isso, um conselho: quando o seu bebé chorar, simplesmente respire fundo, acalma-se e vá ter com ele, que não tem culpa nenhuma do seu cansaço e irritação. Se não quiser pegar nele, pelo menos fale com ele, faça-lhe umas festas, cante, até, mas não o deixe sozinho. Num dos fóruns de Internet que visitei uma vez, dizia uma mãe que as pessoas que deixam os bebés chorar são animais e queos bebés parecem não entender muita conversa, por isso, deixá-los chorar enquanto se fala com eles parece um tanto idiota (estou a citar de cabeça, mas eram estas mais ou menos as suas palavras). Não concordo. Se o bebé estiver a esganar-se a chorar, claro que de nada servem as palavras e já disse que se deve pegar nele. Mas se ele só estiver a choramingar ou a chorar porque quer o conforto do colo (um choro mais moderado, mais controlado), então sim, acho que não é necessário pegar-lhe ao colo, pois a voz da mãe ou do pai podem ser suficientes para o acalmar e fazer diferença, fazendo com que o bebé saiba que não está sozinho. E não acho que esse pai ou essa mãe sejam “animais” por fazerem isso!
No fundo, e apesar de ter partilhado aqui o método que utilizei para ensinar o meu filho a dormir, acho que cada pai e mãe deve decidir o que é melhor para si e para o bebé. Se vos parece natural embalar e adormecer o bebé ao colo, pois façam-no. Mas se vos cansa e frustra, pois é sinal que é preciso mudar de método! Sigam o vosso coração e sobretudo tenham calma, não dramatizem. O bebé há-de aprender a adormecer sozinho, com a vossa ajuda, paciência e compreensão. Consolem o bebé com palavras, peguem nele quando acharem que devem pegar, poisem-no quando acharem que o devem poisar. A pouco e pouco, se for corente com o método que escolher, o seu bebé irá mudar os hábitos de sono e adormecer sozinho :-)

A "má" notícia é que, depois de aprender, é possível que "desaprenda" mais perto dos nove meses. Melhor dizendo, por volta dos nove meses, os hábitos de sono do bebé alteram-se. Para além de dormir menos de dia (duas sestas em vez de três), de noite também pode ficar mais irrequieto. Leia mais. 
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Notas:
1. O método da Encantadora de Bebés é contra o deixar chorar. A autora defende colocar-se o bebé acordado na cama e, se ele chorar, a mãe (ou o pai) deve pegar nele, sentar-se, dar palmadinhas nas costas e dizer “shhhh”, porque as palmadinhas e o som “shhhh” já servem de duas distracções para acalmar o bebé, evitando assim embalá-lo para o distrair. Mal ele se acalme, deve ser colocado novamente na cama. Se recomeçar a chorar, repetir o processo. A autora refere que ela própria numa noite só chegou a repetir este processo mais de cem vezes! Ao fim de algum tempo, o bebé habitua-se e deixa de chorar quando é posto na cama. É precisa MUITA paciência para este método, mas se ele evita o choro, acho que é de louvar! Pessoalmente, como disse, eu não o apliquei na totalidade. Houve alturas em que optei por pegar no meu bebé, dar-lhe as palmadinhas e dizer “shhh” e houve alturas em que o deixei chorar.
2. Regra geral, e uma vez que as crianças respondem bem a rotinas, é saudável que siga um ritual parecido para a hora das sestas e do sono da noite, para que o bebé associe esse ritual à hora de dormir, seja de dia ou de noite. Mas claro que convém haver variações nesses rituais, para que o bebé saiba a diferença entre as sestas e o sono da noite: as sestas são durante o dia e relativamente curtas, e o sono da noite é de noite (!) e prolongado (veja exemplos de variações dos rituais de sestas e sono em sestas do bebé e rotinas e horários do bebé).  
3. e 4. A questão de deixar acesa uma luz de presença, pôr música, e/ou dar objectos à criança para a ajudar a adormecer parece dividir pediatras e pais, pois há quem defenda que o bebé se habitua a adormecer com essas variantes e, se durante a noite acordar e não as tiver, não voltará a adormecer sem que os pais vão lá acender a luz, pôr a música ou chegar-lhe o objecto.
Há também quem defenda que um “objecto de transição” não faz mal: um boneco, um dudu, uma fraldinha, enfim, qualquer coisa a que o bebé se possa agarrar para se confortar.
Eu tenho um bonequinho que toca música clássica e que me ajudou na aprendizagem do meu bebé para adormecer sozinho. Não acho que ele se tenha habituado à música, assim como não acho que ele se tenha habituado à luz de presenaça ou ao biberão de água que de vez em quando eu lhe dava se achava que ele chorava com sede. Digo isto porque: 1. acontecia muitas vezes a música do boneco terminar quando ele ainda estava na cama bem acordado, pelo que acabava por adormecer sem ter a música a tocar, e porque 2. hoje ele adormece no escuro, sem luz. 3. nem sempre ele sossegava quando eu lhe dava o biberão com água, o que só prova que ele não estava necessariamente à espera do biberão para conseguir adormecer!
Veja abaixo três vídeos que fiz para ilustrar a rotina que utilizei para ensinar o meu bebé a adormecer sozinho. Nestes casos em particular, são vídeos de sestas. Já ele tinha sete meses e já sabia adormecer sozinho há cerca de um mês, mas , como vêem, umas vezes era fácil, outras ainda dava luta. Ter um bebé é mesmo assim :-)

1. Vídeo: bebé é colocado na cama e não chora para adormecer
2. Vídeo: bebé é colocado na cama, chora e eu pego nele ao colo
3. Vídeo: bebé é colocado na cama, chora, eu conforto-o primeiro e depois pego nele